Série “As principais Doenças Organizacionais”: A “Empresas à deriva”
“Se você não sabe para onde está indo, qualquer caminho serve” – Willian Shakespeare
Afirmar que uma empresa está à deriva porque não tem objetivos, metas e planos de curto, médio e longo prazos, ou porque está envolvida em processo de fusão ou aquisição é óbvio. Por outro lado, tive a oportunidade de trabalhar com empresas que realizaram os ciclos de planejamento estratégico de acordo com os rituais acadêmicos, que representaram o estado da arte em termos metodológicos, mas, ao invés de se antecipar e se preparar para efetivamente incorporar as mudanças cognitivas, emocionais e comportamentais que estavam e estão fortemente pressionando o seu ambiente organizacional, ficaram navegando em diversas simulações de cenários para o ambiente externo e em dezenas de tabelas, indicadores e planos de ação, ou seja, elas também estavam à deriva. Por fim, estudei algumas empresas –sendo eufemista – orientadas por estratégias e por todos os seus ingredientes, rumando com determinação ao encontro do Triângulo das Bermudas e, sem dúvida, chegaram ao seu destino final … e desapareceram.
A questão indiscutível é que o posicionamento estratégico, assim como a expansão do modelo mental da liderança, devem ser sustentáculos de qualquer empresa que quer se manter competitiva em um mundo em constante mudança, reconstruído permanentemente, formado por uma rede complexa de forças ambientais que apresentam um comportamento dinâmico e que criam um ambiente de negócio volátil, incerto, complexo e ambíguo.
Infelizmente, constatei que a maioria dos processos de planejamento estratégico e dos programas de desenvolvimento de liderança ainda recebe suporte de abordagens, metodologias e ferramentas de sucesso adequadas para um mundo passado, não para o mundo de hoje ou do futuro. Pior ainda, muitas vezes, as empresas gastaram quantias significativas de dinheiro para a contratação de consultorias nacionais ou internacionais ou de acadêmicos, que sabem muito bem ministrar aulas e/ou palestras, mas que nunca conduziram ou até mesmo chegaram, efetivamente, perto de um negócio.
Logo, o que fazer?
A primeira etapa consiste fazer com que sua empresa revise totalmente os programas para desenvolvimento dos Líderes, incorporando abordagens que, eficazmente, ampliem a complexidade mental e a capacidade de abstração deles para que estejam aptos para, precocemente, entender os sinais do ambiente externo e interno e antecipar as mudanças que se façam necessárias. Simplificando, os líderes devem ficar atentos a todas as oportunidades e riscos, eles devem antecipar as jogadas e não apenas reagir a elas, ou seja, eles moldam o futuro. Importante ressaltar que de nada nada irá adiantar, o descrito anteriormente, se o time de liderança não tiver coragem para abandonar as práticas de sucesso do passado.
A segunda etapa consiste em um alinhamento cognitivo e emocional, ou seja, é necessário conhecer quais são as fantasias, as imagens e as projeções que as pessoas pertencentes à empresa têm em relação ao seu funcionamento, ou seja, toda organização existe na mente das pessoas, e é a interação com essas entidades mentais, presente na vida organizacional, que precisa estar alinhada. Resumindo, deve ser criado um espaço mental que permita uma sintonia entre o que a empresa é, com aquilo que as pessoas pensam que ela seja. Para tal, deve ser promovido um debate franco e aberto para que todos possam expressar o que pensam e sentem e, na sequência, definir a intenção estratégica, assim como, revisar a sua identidade organizacional.
A terceira e última etapa consiste em adotar de um processo rápido, flexível e eficaz para realização e revisão dos ciclos de planejamento estratégico. Esses podem ser anuais ou semestrais ou trimestrais, dependendo do seu setor de atuação e da capacidade competitiva de sua organização. Abaixo segue o modelo da EXO revisado e aprimorado há 3 anos.
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Joaquim E. Santini – Diretor Presidente EXO
Master Degree in Consulting and Coaching for Change at INSEAD.